quarta-feira, 20 de novembro de 2013

UMA DECLARAÇÃO FILOSÓFICA DE AMOR


Uma declaração filosófica de amor? Poderia ser, por exemplo, a seguinte:

Há o amor segundo Platão: 'Eu te amo, tu me fazes fal­ta, eu te quero.'

Há o amor segundo Aristóteles ou Spinoza: 'Eu te amo: és a causa da minha alegria, e isso me regozija.'

Há o amor segundo Simone Weil ou Jankélévitch: 'Eu te amo como a mim mesmo, que não sou nada, ou quase nada, eu te amo como Deus nos ama, se é que ele existe, eu te amo como qualquer um: ponho minha força a serviço da tua fra­queza, minha pouca força a serviço da tua imensa fraqueza...'

Eros, philia, agapé: o amor que toma, que só sabe gozar ou sofrer, possuir ou perder; o amor que se regozija e com­partilha, que quer bem a quem nos faz bem; enfim, o amor que aceita e protege, que dá e se entrega, que nem precisa mais ser amado...

Eu te amo de todas essas maneiras: eu te tomo avida­mente, eu compartilho alegremente tua vida, tua cama, teu amor, eu me dou e me abandono suavemente... Obrigado por ser o que és, obrigado por existir e por me ajudar a existir!"
André Comte-Sponville

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O ANEL DE GIGES - UMA REFLEXÃO MORAL

O livro 2 da “REPÚBLICA” de Platão, traz a estória de Giges, um pastor pobre que encontrou um anel no dedo de um cadáver que se encontrava dentro de uma fissura aberta por um terremoto. Giges colocou o anel em seu dedo e descobriu que ficava invisível quando girava o anel. Assim, ele podia ir onde quisesse e fazer o que lhe apetecesse sem medo de ser descoberto. Usou o poder do anel para enriquecer, roubar o que queria e matar quem se metesse no seu caminho. Invadiu o palácio real, seduziu a rainha, assassinou o rei e se apoderou o trono, tornando-se o soberano.

Seriamos capazes de resistir à tentação do mal se soubéssemos que nossos atos não seriam testemunhados?



quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Respeito com os Deficientes físicos - Essa vaga não é sua nem por um minuto

Imagine você tendo sua vaga no estacionamento ocupada por uma cadeira de rodas, assim como muitos colocam seus carros nas vagas exclusivas dos Deficientes físicos com a desculpa de que "é só por um minuto". Veja a reação.





sexta-feira, 2 de agosto de 2013

SOBRE ALTERIDADE, CLASSE MÉDIA, PROTESTOS E COXINHAS


Classe Média

Max Gonzaga

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da 
revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mas eu "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no "jardins"
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Jovens vão às ruas e nos mostram que desaprendemos a sonhar - Por Andre Borges Lopes


Jovens vão às ruas e nos mostram que desaprendemos a sonhar


Por Andre Borges Lopes
AOS QUE AINDA SABEM SONHAR
O fundamental não é lutar pelo direito de fumar maconha em paz na sala da sua casa. O fundamental não é o direito de andar vestida como uma vadia sem ser agredida por machos boçais que acham que têm esse direito porque você está "disponível". O fundamental não é garantir a opção de um aborto assistido para as mulheres que foram vítimas de estupro ou que correm risco de vida. O fundamental não é impedir que a internação compulsória de usuários de drogas se transforme em ferramenta de uma política de higienismo social e eliminação estética do que enfeia a cidade. O fundamental não é lutar contra a venda da pena de morte e da redução da maioridade penal como soluções finais para a violência. O fundamental não é esculachar os torturadores impunes da ditadura. O fundamental não é garantir aos indígenas remanescentes o direito à demarcação das suas reservas de terras. O fundamental não é o aumento de 20 centavos num transporte público que fica a cada dia mais lotado e precário.
O fundamental é que estamos vivendo uma brutal ofensiva do pensamento conservador, que coloca em risco muitas décadas de conquistas civilizatórias da sociedade brasileira.
O fundamental é que sob o manto protetor do "crescimento com redução das desigualdades" fermenta um modelo social que reproduz – agora em escala socialmente ampliada – o que há de pior na sociedade de consumo, individualista ao extremo, competitiva, ostentatória e sem nenhum espaço para a solidariedade.
O fundamental é que a modesta redução da nossa brutal desigualdade social ainda não veio acompanhada por uma esperada redução da violência e da criminalidade, muito pelo contrário. E não há projeto nacional de combate à violência que fuja do discurso meramente repressivo ou da elegia à truculência policial.
O fundamental é que a democratização do acesso ao ensino básico e à universidade por vezes deixam de ser um instrumento de iluminação e arejamento dos indivíduos e da própria sociedade, e são reduzidos a uma promessa de escada para a ascensão social via títulos e diplomas, ao som de sertanejo universitário.
O fundamental é que os políticos e grandes partidos antigamente ditos "libertários" e "de esquerda" hoje abriram mão de disputar ideologicamente os corações e mentes dos jovens e dos novos "incluídos sociais" e se contentam em garantir a fidelidade dos seus votos nas urnas, a cada dois anos.
O fundamental é que os políticos e grandes partidos antigamente ditos "sociais-democratas" já não tem nada a oferecer à juventude além de um neo-udenismo moralista que flerta desavergonhadamente com o autoritarismo e o fascismo mais desbragados.
O fundamental é que a promessa da militância verde e ecológica vai aos poucos rendendo-se aos balcões de negócio da velha política partidária ou ao marketing politicamente correto das grandes corporações.
O fundamental é que os sindicatos, movimentos populares e organizações estudantis estão entregues a um processo de burocratização, aparelhamento e defesa de interesses paroquiais que os torna refratários a uma participação dinâmica, entusiasmada e libertária.
O fundamental é que temos em São Paulo um governo estadual que é francamente conservador e repressivo, ao lado de um governo federal que é supostamente "progressista de coalizão". Mas entre a causa da liberação da maconha e defesa da internação compulsória, ambos escolhem a internação. Entre as prostitutas e a hipocrisia, ambos ficam com a hipocrisia. Entre os índios e os agronegócio, ambos aliam-se aos ruralistas. Entre a velha imprensa embolorada e a efervescência libertária da Internet, ambos namoram com a velha mídia. Entre o estado laico e os votos da bancada evangélica, ambos contemporizam com o Malafaia. Entre Jean Willys e Feliciano, ambos ficam em cima do muro, calculando quem pode lhes render mais votos.
O fundamental é que o temor covarde em expor à luz os crimes e julgar os aqueles agentes de estado que torturaram e mataram durante da ditadura acabou conferindo legitimidade a auto-anistia imposta pelos militares, muitos dos quais hoje se orgulham publicamente dos seus crimes bárbaros – o que nos leva a crer que voltarão a cometê-los se lhes for dada nova oportunidade.
O fundamental é que vivemos numa sociedade que (para usar dois termos anacrônicos) vai ficando cada vez mais bunda-mole e careta. Assustadoramente careta na política, nos costumes e nas liberdades individuais se comparada com os sonhos libertários dos anos 1960, ou mesmo com as esperanças democráticas dos anos 1980. Vivemos uma grande ofensiva do coxismo: conservador nas ideias, conformado no dia-a-dia, revoltadinho no trânsito engarrafado e no teclado do Facebook.
O fundamental é que nenhum grupo político no poder ou fora dele tem hoje qualquer nível mínimo de interlocução com uma parte enorme da molecada – seja nas universidades ou nas periferias – que não se conforma com a falta de perspectivas minimamente interessantes dentro dessa sociedade cada vez mais bundona, careta e medíocre.
Os mesmos indignados que se esgoelam no mundo virtual clamando que a juventude e os estudantes "se levantem" contra o governo e a inação da sociedade, são os primeiros a pedir que a tropa de choque baixe a borracha nos "vagabundos" quando eles fecham a 23 de Maio e atrapalham o deslocamento dos seus SUVs rumo à happy-hour nos Jardins.
Acuados, os políticos "de esquerda" se horrorizam com as cenas de sacos de lixo pegando fogo no meio da rua e se apressam a condenar na TV os atos de "vandalismo", pois morrem de medo que essas fogueiras causem pavor em uma classe média cada vez mais conservadora e isso possa lhes custar preciosos votos na próxima eleição.
Enquanto isso a molecada, no seu saudável inconformismo, vai para as ruas defender – FUNDAMENTALMENTE – o seu direito de sonhar com um mundo diferente. Um mundo onde o ensino, os trens e os ônibus sejam de qualidade e gratuitos para quem deles precisa. Onde os cidadãos tenham autonomia de decidir sobre o que devem e o que não devem fumar ou beber. Onde os índios possam nos mostrar que existem outros modos de vida possíveis nesse planeta, fora da lógica do agribusiness e das safras recordes. Onde crenças e religião sejam assunto de foro íntimo, e não políticas de Estado. Onde cada um possa decidir livremente com quem prefere trepar, casar e compartilhar (ou não) a criação dos filhos. Onde o conceito de Democracia não se resuma à obrigação de digitar meia dúzia de números nas urnas eletrônicas a cada dois anos.
Sempre vai haver quem prefira como modelo de estudante exemplar aquele sujeito valoroso que trabalha na firma das 8 da manhã às 6 da tarde, pega sem reclamar o metrô lotado, encara mais quatro horas de aulas meia-boca numa sala cheia de alunos sonolentos em busca de um canudo de papel, volta para casa dos pais tarde da noite para jantar, dormir e sonhar com um cargo de gerente e um apartamento com varanda gourmet.
Não é meu caso. Não tenho nem sombra de dúvida de que prefiro esses inconformados que atrapalham o trânsito e jogam pedra na polícia. Ainda que eles nos pareçam filhinhos-de-papai, ingênuos em seus sonhos, utópicos em suas propostas, politicamente manobráveis em suas reivindicações, irresponsavelmente seduzidos pelos provocadores de sempre.
Desde a Antiguidade, esses jovens ingênuos e irresponsáveis são o sal da terra, a luz do sol que impede que a humanidade apodreça no bolor da mediocridade, na inércia do conformismo, na falta de sentido do consumismo ostentatório, nas milenares pilantragens travestidas de iluminação espiritual.
Esses moleques que tomam as ruas e dão a cara para bater incomodam porque quebram vidros, depredam ônibus e paralisam o trânsito. Mas incomodam muito mais porque nos obrigam a olhar para dentro das nossas próprias vidas e, nessa hora, descobrimos que desaprendemos a sonhar.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Basta de Queixas | Jorge Forbes Clínica e Pesquisa em Psicanálise

Basta de Queixas | Jorge Forbes Clínica e Pesquisa em Psicanálise

Basta de Queixas

13/09/2007 00h00
Jorge Forbes

Texto publicado no livro "Você quer o que deseja?"

Todo mundo se queixa o tempo inteiro. Do tempo: um dia do calor, outro dia do frio. Do trabalho: porque é muito, ou porque é pouco. Do carinho: “que frieza”, ou “que melação”. Da prova: “dificílima”, ou “fácil demais”. E dos políticos, e da mulher, e do marido, e dos filhos, e dos tios, avós, primos; do pai e da mãe, enfim, de ter nascido. A queixa é solidária, serve como motivo de conversa, desde o espremido elevador até o vasto salão. A queixa é o motor de união dos grupos, é sopa de cultura social; quem tem uma queixa sempre encontra um parceiro. A queixa chega a ser a própria pessoa, seu carimbo, sua identidade: “Eu sou a minha queixa”, poderia ser dito. 

A queixa deveria ser a justa expressão de uma dor ou de um mal-estar, mas raramente ocorre assim. É habitual que a expressão da queixa exagere em muito a dor, até o ponto em que esta, a dor, acaba se conformando ao exagero da queixa, aumentando o sofrimento. É comum as pessoas acreditarem tanto em suas lamúrias que acabam emprestando seu corpo, ficando doentes, para comprovar o que dizem.

A causa primordial de toda queixa é a preguiça de viver. Viver dá trabalho, uma vez que a cada minuto surge um fato novo, uma surpresa, um inesperado que exige correção de rota na vida. Se não for possível passar por cima ou desconhecer o empecilho, menosprezando o acontecimento que perturba a inércia de cada um, surge a queixa, a imediata vontade de culpar alguém que pode ir aumentando até o ponto em que a pessoa chega a se convencer paranoicamente que todos estão contra ela, que o mundo não a compreende e por isso ela é infeliz, pois nada que faz dá certo, enquanto outros, com menos qualidades, obtém sucesso. Ouvimos destes aquele lamento corriqueiro, auto-elogioso: “acho que sou bom ou boa demais para esse mundo, tenho que aprender a ser menos honesto e mais agressivo...” Conclusão: se não fossem os outros, ele, o queixante, seria maravilhoso. Por isso, toda queixa é narcísica.

Temos que acrescentar que a queixa não surge só de uma dor ou de um desassossego, mas também quando se consegue um tento, uma realização. Aí a queixa serve de proteção à inveja do outro – sempre os outros ! ... – e tal qual uma criança que esconde os ovos de páscoa até o outro ano, o queixante não declara sua felicidade para que ela não acabe na voracidade dos parceiros podendo ele curti-la em seu canto, escondido, até o ano que vem, quando o coelhinho passa de novo.

Em síntese, três pontos: a queixa é um fechamento sobre si mesmo, uma recusa da realidade e um desconhecimento da dor real. Não confundamos: é importante separar a queixa narcísica da reivindicação justa, mas isso é outro capítulo. Aliás, é comum o queixoso se valer da nobreza das justas reivindicações sociais para mascarar seu exagerado amor próprio.

Um momento fundamental em todo tratamento pela psicanálise é o dia em que o analisante descobre que não dá mais para se queixar. Não que as dificuldades tenham desaparecido por encanto, mas que o “tirem isso de mim”, base de toda queixa, perde seu vigor, revela-se para a pessoa todo o seu aspecto fantasioso. É duro não ter para quem se queixar, não ter nenhum bispo, um departamento de defesa dos vivos como tem o dos consumidores. A pessoa pode perder o rumo, não saber o que vai fazer, nem mesmo saber quem é.

Nesse ponto, a condução do tratamento há de ser precisa: há que se ajustar a palavra à vida, conciliar a palavra com o corpo, fazer da palavra a própria pele até alcançar o almejado sentir-se “bem na própria pele”. Também será necessário suportar o inexorável sem se lastimar e abandonar a rigidez do queixume pela elegância da dança com o novo.

Mais importante que uma política de acordos, que é feita a partir de concessões de posições individuais, é estar em acordo com o movimento das surpresas da vida, dos encontros bons ou maus. E tudo isto sem resignação, mas com o entusiasmo da aposta. Basta de queixas.

sábado, 25 de maio de 2013

Um diálogo

Um diálogo

Dois burros conversando quando um perguntou ao outro:
- Imagina você que quando um humano quer ofender outro humano o acusa de burro.
Porque será?
- Não tenho a mínima idéia.
- Quando será que isso começou?
- E quem sabe?
- Realmente é estranho isso...Humano chamar o outro de burro como ofensa.
- Talvez porque chamá-lo de humano fosse ofensa maior.
- Você não acha?
- Claro! Você já viu algum burro explorar outro burro?
- Não.
- Você já viu um burro oprimindo outro burro?
- Não
- Você já viu algum burro abandonar a cria?
- Não.
- Você já viu algum burro sem teto?
- Não.
- Você já viu algum burro sem terra?
- Não.
- Você já viu algum burro torturando o outro?
- Não.
- Você já viu algum burro declarando guerra a outro burro?
- Não
- Você já viu algum burro invadindo o país de outro burro?
- Não.
- Você já viu algum burro matando ou morrendo em nome de Deus?
- Não.
- Então, qual ofensa é maior, chamar de burro ou de humano?

Georges Bourdoukan: Caros Amigos Jan/06

domingo, 7 de abril de 2013

HANNAH ARENDT - VII Encontro Hannah Arendt e IV Ciclo Hannah Arendt - UEL



O Departamento de Filosofia da  Universidade Estadual de Londrina, neste ano de 2013, congregará numa única data dois eventos de extensão de natureza científica, trata-se do VII Encontro Hannah Arendt e do IV Ciclo Hannah Arendt.
O Encontro Hannah Arendt é um evento científico itinerante que reúne, desde o ano de 2006, pesquisadores brasileiros e estrangeiros que se dedicam à investigação da obra da filósofa Hannah Arrendt. O Ciclo Hannah Arendt é um evento regional promovido pelo Departamento de Filosofia da UEL desde o ano de 2010. Como neste ano de 2013 o Encontro Hannah Arendt acontecerá na UEL decidiu-se realizá-lo simultaneamente com o Ciclo Hannah Arendt.
O VII Encontro Hannah Arendt e o IV Ciclo Hannah Arendt estarão inseridos nas comemorações que acontecerão em Londrina do Ano Alemanha + Brasil 2013-2014. Será um dos eventos técnico-científicos e culturais que trarão presente as contribuições culturais e científicas de ambos países. O tema do Ano Alemanha + Brasil 2013-2014 será  "Quando ideias se encontram" o que corresponde à proposta do VII Encontro Hannah Arendt e do IV Ciclo Hannah Arendt que objetivam a congregação de pesquisas e o intercâmbio de ideias acerca de uma das mais importantes pensadoras dos problemas da contemporaneidade.
O interesse e o diálogo proporcionado pela obra de Hannah Arendt devem-se em grande parte à atualidade das reflexões apresentadas pela filósofa acerca do Mundo Moderno - que politicamente nasce com as primeiras explosões atômicas –  e dos Seres Humanos que compõem esse mundo, das mazelas que carregam e das críticas que devem ser dirigidas a estes por talvez tiverem esquecido aquilo que são, isso é, homens e mulheres que pertencem a este mundo e que possuem responsabilidade com este mundo. Foram muitos os temas discutidos por Hannah Arendt, porém a busca pelo sentido da política permeia o todo da sua obra, principalmente após os exemplos de desumanidade deixados pelo século XX que trouxeram à tona a inegável capacidade humana de cometer o mal banal contra outros seres humanos.
Assim, o evento de 2013 propõe como tema geral para estimular às discussões a ideia “Hannah Arendt: por amor ao mundo – amor mundi”.  Trata-se de tema fundamental, principalmente, para as discussões políticas e éticas de Arendt, uma vez que o cuidado humano com o mundo e a crítica pela falta deste cuidado, perpassam o todo da obra da filósofa, mesmo quando a pensadora se dedicou às discussões acerca da  interioridade em que se privilegiam as atividades da interioridade.

domingo, 31 de março de 2013

SOBRE A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL - UMA POSIÇÃO


Tenho notado uma movimentação nas redes sociais quanto a redução da maioridade penal, e sempre vem à tona o mesmo discurso "datenesco" dos programas populares da televisão onde "BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO, CADEIA PARA ESSE FDP, TÁ COM DÓ LEVA PARA CASA, QUERO VER SE UM FDP DESSES MATAR UM ENTE QUERIDO SEU" e por ai vai. Não sou à favor da impunidade para quem comete o crime, mas, também não creio que reduzir a maioridade penal ou deixar apodrecer na cadeia um menor vá resolver o problema da violência, e sim trazer uma sensação de vingança e nada mais. Nossos jovens necessitam de uma educação de base, de saúde, de uma boa alimentação, de ter a possibilidade de ver seus sonhos realizados longe da marginalidade. Nos preocupamos com o ladrão que nos afeta diretamente e esquecemos do "LADRÃO POLÍTICO" que rouba o dinheiro público que seria destinado à construção de escolas, creches, praças e hospitais, acabando com a vida de muitos desses menores. Gosto desta crônica do juiz Gerivaldo Alves Neiva, acho que ele tem muito à dizer sobre o assunto.





A crônica da semana - Ele está no meio de nós


ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS
Gerivaldo Neiva *
Toda mãe católica tem o sonho de ver os filhos passando pela preparação da primeira eucaristia (antigamente se dizia “primeira comunhão”) e comungando todo compenetrado, feito gente grande. Toda mãe católica comenta com imenso prazer que o filho já sabe “responder” uma missa inteirinha. E em voz alta. (O problema é que alguns meninos ficavam enrolando, falando baixinho e sempre esperando que o vizinho começasse a resposta.) Pois é, depois de algum tempo fica tudo meio automático e a gente repete até sem pensar no que está respondendo. Também, depois que aprende não esquece mais. Eu mesmo posso levar anos sem participar de uma missa que ainda me lembro de todas as respostas. A consequência disso é que algumas pessoas continuam repetindo frases sem compreender o significado e outros ficam esperando alguém começar a falar para continuar com a resposta.
Uma das respostas que me deixava mais intrigado era quando o padre dizia “O Senhor esteja convosco” e todos respondíamos: “Ele está no meio de nós”. Claro que eu sabia que “Ele” não estava presente em carne e osso, mas não conseguia deixar de dar uma olhadinha para o lado em busca “Dele”.
Um dia desses usei esta expressão meio sem querer e fora do contexto da missa católica. Era um desses tantos eventos para discutir a violência, marginalidade, segurança, da necessidade de mais policiais na cidade, mais viaturas, mais armas, mais rigor na aplicação da pena de prisão e assuntos afins. Estava cansado de ouvir as pessoas defendendo idéias absurdas do tipo “bandido bom é bandido morto”, “devia existir a pena de morte e prisão perpétua” e outros absurdos mais... Era como se “respondessem” uma missa induzidos por respostas prontas e decoradas.
Não sei por que as pessoas, seja aqui ou em outros locais que a televisão mostra, adoram ver os “criminosos” presos, algemados e sendo jogados em um camburão. Em contrapartida, as penas alternativas são sempre motivo de deboche e gozação: “ta vendo aí, não deu em nada! Algumas cestas básicas e o cara não foi preso nem um dia”! É assim, ou não é? A grande mídia se transforma em padre e as pessoas começam a repetir...
Voltando ao assunto “Dele” no meio de nós, depois de me conter, no referido evento, durante um bom tempo, perdi a paciência, o que ocorre muito raramente, e discursei furiosamente:
Vocês se referem a bandidos, marginais, delinquentes e outros adjetivos mais e se esquecem que os bandidos são pessoas humanas e filhos do mesmo Deus de todos nós!
Vocês esquecem que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança!
Vocês esquecem que todos os homens e mulheres são iguais perante a Lei!
Vocês esquecem que nossa República é fundada na cidadania e na dignidade da pessoa humana!
Vocês se transformaram em máquinas que apenas repetem o que a televisão manda!
Vocês pensam que esses tais bandidos nascem das bolhas que pipocam nos esgotos fedidos que cortam as ruas da periferia das cidades?
Vocês pensam que bandidos nascem da fumaça ou da quentura do lixo jogado a céu aberto nas margens das rodovias?
Vocês pensam que bandidos nascem nas varas das tabocas que abundam o lamaçal que se transformou o que um dia foi chamado de riacho?
Vocês pensam que bandidos nascem do fedor que exala das lagoas transformadas em fossa para receber o esgotamento sanitário das cidades?
Vocês pensam que bandidos nascem das cinzas ou do carvão que estão fazendo com as poucas árvores que sobraram da caatinga?
Vocês pensam que bandidos caem do céu com as tempestades de granizo?
Vocês pensam que bandidos chegaram do espaço em uma nave espacial?
Vocês pensam que bandidos saem da terra vindo das profundezas do inferno?
Vocês pensam que bandidos são filhos do demônio?
Não! Não e Não! Chega de mentira! Chega de repetição!
Ora, vocês querem saber de onde nascem os bandidos? Querem?
Os bandidos nascem da falta de carinho dos pais com seus filhos quando ainda são crianças!
Os bandidos nascem da falta de escolas bem equipadas e professores estimulados!
Os bandidos nascem da falta de postos de saúde para cuidar dos filhos de vocês!
Os bandidos nascem da falta de políticas públicas de incentivo à cultura, ao lazer e aos esportes para os filhos de vocês!
Os bandidos nascem da falta de quadras poliesportivas, de centros culturais, de bibliotecas, de cinema e de teatro!
Os bandidos nascem da falta de uma profissão e do desemprego dos filhos de vocês!
Os bandidos nascem da roubalheira do dinheiro público!
Os bandidos germinam nos cofres abarrotados de verba pública desviada!
Os bandidos nascem da violência da polícia contra os filhos de vocês!
Os bandidos nascem do preconceito que a elite alimenta contra os pobres e negros da periferia!
E o pior de tudo: os bandidos nascem da falta de sonhos e da falta de perspectivas para os jovens!
E para terminar, se vocês querem saber mesmo, os bandidos nascem no meio nós e estão no meio de nós! Eles estão no meio de nós! Entenderam?Eles nascem e estão no meio de nós! Nascem e morrem por culpa nossa, nossa culpa! Nascem da nossa falta de pensar! Nós somos seus pais e mães e algozes ao mesmo tempo! Nós os criamos e os matamos!
Então, pergunto a vocês: quem é o bandido pior: o bandido que nasce do descaso do poder público ou bandido travestido de homem público que rouba o dinheiro que seria destinado à construção de escolas, creches, praças e hospitais? Quem é o bandido pior: o que rouba para comprar crack ou quem permite que os jovens deste país, por falta de oportunidades, sejam seduzidos pelas drogas? Quem é o bandido pior: o que não sonha ou quem lhe roubou o sonho? Bandido pior, se vocês querem saber, é quem transforma os jovens desta cidade e deste país em bandidos!
Ora, ora, vocês pensam que vão acabar com a violência matando os bandidos, mas vocês só enxergam os bandidos que nascem do meio de vocês mesmos! Filhos de vocês, primo, sobrinho, filho do amigo de vocês, o amigo de infância... Passam a vida repetindo! Não querem ver os bandidos de verdade! Os ladrões dos sonhos!
Não, gente, não é assim que teremos paz! Não é defendendo a pena de morte ou prisão perpétua e nem fazendo passeata vestido de branco e pedindo paz, mas evitando, sobretudo, que todos os jovens sem sonhos desta cidade e deste país sejam transformados nos bandidos de amanhã! Vamos pensar, vamos refletir, vamos compreender! Vamos todos sonhar juntos por um mundo melhor e vamos fazer desse sonho uma realidade!
Chega! Chega de tanta mentira e hipocrisia!
Um silêncio profundo... alguns tinham os olhos arregalados, outros me olhavam incrédulos e outros como que hipnotizados... Eu também não gostei de me expressar assim, mas é que estou ficando cansado e sem muita paciência!
Conceição do Coité, 07 de junho de 2009
* Juiz de Direito em Conceição do Coité – Ba., membro da Associação Juízes para a Democracia (AJD)
Fonte: http://www.gerivaldoneiva.com/2009/06/cronica-da-semana.html






domingo, 17 de março de 2013

segunda-feira, 4 de março de 2013

TRABALHOS ACADÊMICOS - SIGNIFICADOS DAS FRASES


Sempre tive orientadores "chatos", e sou grato a eles, nas exigências metodológicas tais como fontes e pesquisas claramente apresentadas, tudo muito bem fundamentado, explicadinho, provado e comprovado! E se plagiou, morreu!!! 
São frases típicas de monografia que chegam numa banca ou para orientação:




quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

BLOG SOBRE DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO

O Blog http://direitoetrabalho.com , criado pelo Juiz do Trabalho Jorge Alberto de Araujo, Titular da 1ª Vara e Diretor do Foro de São Leopoldo - RS,   trás informações sobre as mais diversas matérias de Direito e Processo do Trabalho.

listado no Alexa como um dos 100 mais populares do Brasil, único na categoria blogs jurídicos, e vencedor do Best Blogs Brazil em 2009 na categoria melhor blog jurídico.


Esse eu recomendo.

Aproveite.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

DIREITO DE IR PARA O INFERNO


DIREITO DE IR PARA O INFERNO - Moysés Pinto Neto

Moysés Pinto Neto é pesquisador trandisciplinar da violência. Doutorando em Filosofia (PUCRS). Professor da ULBRA.

A cada dia que passa emerge mais forte e reativamente o fundamentalismo cristão como forma de contestação do avanço dos movimentos que transgridem suas regras morais. Evidente que esse fundamentalismo não é apenas um fenômeno contemporâneo. Na realidade, ele não precisava gritar antigamente simplesmente porque não era necessário. Bastava desviar seus olhos para o alvo para que imediatamente suas impiedosas sanções caíssem sobre as vítimas. Tempos que arrastam uma violência silenciosa que substitui a antiga queima de hereges e bruxas.
Os cristãos fundamentalistas reivindicam a volta dos “valores da família” (que é na realidade a família patriarcal, heterossexual, puritana e repressora), os crucifixos nas salas de audiência, lutam contra direitos de gays e mulheres, vociferam contra as diferenças em nome de uma interpretação boçal da Bíblia e da suposta “natureza”. No fundo, desejam apenas manter a mais pura violência que é o preconceito. Ao contrário do que põe Gadamer, o preconceito não é apenas uma pré-compreensão que antecede necessariamente a compreensão do mundo numa espiral hermenêutica, mas uma ação entre os viventes cuja visão esteoreotipada de um sobre o outro – independente do seu erro – produz efeitos de poder e violência. O que interessa no preconceito não é o caráter cognitivo, mas os efeitos que produz sobre a respectiva vítima.
Por essa razão, não pode haver “direito ao preconceito”, pois o preconceito não é apenas uma posição cognitiva cuja salvaguarda estaria protegida tal como a liberdade de pensamento, mas uma ação violenta que cai sobre o outro, um fazer que hierarquiza, petrifica, estigmatiza. Legitimar o preconceito é legitimar a violência. Se cognitivamente talvez seja inexorável o estereótipo como referencial mínimo de orientação, o problema é precisamente a sedimentação que os fundamentalistas e os “politicamente incorretos” defendem. Pois o problema do preconceito não foi criado por quem busca o desconstruir, mas por aqueles que o inventaram e hoje lutam para que seja mantido.
Os cristãos fundamentalistas retrucariam que se trata, no final das contas, de liberdade religiosa. Ora, nesse caso a própria estrutura religiosa do cristianismo nos dá a resposta: se é um dogma fundamental o livre-arbítrio, é preciso preservá-lo justamente contra a heresia de obrigar alguém a cumprir mandamentos religiosos. A sanção que a religião cristã propõe é a mais severa possível para aqueles que descumprem suas regras: o sofrimento eterno e indizível do inferno. Nesse caso, devemos deixar que os hereges sofram tais sanções, sem que os obriguemos a agir de forma diferentes. O religioso não deve atacar o não-religioso por meio de sanções do Estado, pondo em dúvida a própria efetividade das suas crenças no julgamento divino. Deus tratará de fazer a justiça que o Estado não deve fazer. Exatamente por isso deveríamos lutar até o fim por um direito contra todo e qualquer transbordamento de dogmas religiosos para a política: o direito de ir para o inferno.

QUEM NOS PROTEGE DA BONDADE DOS BONS?

“Uma vez perguntei: quem nos protege da bondade dos bons? Do ponto de vista do cidadão comum, nada nos garante, ‘a priori’, que nas mãos do Juiz estamos em boas mãos, mesmo que essas mãos sejam boas. (...) Enfim, é necessário, parece-me, que a sociedade, na medida em que o lugar do Juiz é um lugar que aponta para o grande Outro, para o simbólico, para o terceiro.” MARQUES NETO, Agostinho Ramalho. O Poder Judiciário na perspectiva da sociedade democrática: O Juiz Cidadão. In: Revista ANAMATRA, n. 21, p. 50

Publicada em 20/02/2013, no facebook, pelo Juiz de Direito Alexandre de Morais da Rosa. 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

TODO MUNDO SE MACHUCA


Todo Mundo Se Machuca

Quando seu dia é longo
E a noite - a noite é solitária,
Quando você tem certeza de que já teve o bastante desta vida,
Continue em frente

Não desista de si mesmo,
Pois todo mundo chora
E todo mundo se machuca, às vezes...

Às vezes tudo está errado,
Agora é hora de cantar sozinho.
Quando seu dia é uma noite solitária (aguente firme, aguente firme)
Se você tiver vontade de desistir (aguente firme)
Se você achar que teve demais desta vida,
Para prosseguir...

Pois todo mundo se machuca,
Consiga conforto em seus amigos.
Todo mundo se machuca...
Não se resigne, oh, não!
Não se resigne
Quando você sentir como se estivesse sozinho.
Não, não, não, você não está sozinho...

Se você está sozinho nessa vida,
Os dias e noites são longos,
Quando você sente que teve demais dessa vida para
seguir em frente

Bem, todo mundo se machuca
Às vezes, todo mundo chora
E todo mundo se machuca, às vezes
Mas todo mundo se machuca, às vezes
Então aguente firme

aguente firme, aguente firme...

Todo mundo se machuca

Você não está sozinho

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Substituto - Belo filme que retrata um pouco de beleza para um mundo cruel e conservador


O Substituto, do realizador Tony Kaye, tem como protagonista Adrien Brody (vencedor de um Óscar), no papel de Henry Barthes, um educador com grande talento para estabelecer ligação com os seus alunos. No entanto, Henry optou por enterrar o seu dom. Passando os dias como professor substituto, evita convenientemente quaisquer ligações emocionais ao não ficar tempo suficiente em lado nenhum para se apegar quer a alunos, quer a colegas. Quando é colocado numa escola pública, onde uma direção frustrada e esgotada criou um corpo estudantil apático, Henry torna-se rapidamente num exemplo para os jovens desafeiçoados. Ao descobrir uma ligação emocional improvável com os alunos, os professores e uma adolescente foragida que recolhe das ruas, Henry apercebe-se de que não está sozinho na sua luta de vida e de morte para encontrar beleza num mundo aparentemente cruel e sem amor.
Kaye, moldando uma visão contemporânea das pessoas que se afastam progressivamente das outras, sentindo ainda assim a necessidade de estabelecerem ligação, dirige um elenco de estrelas, a partir de um argumento de Carl Lund. Ancorado num desempenho merecedor de distinção por parte de Brody, O Substituto conta igualmente com papéis memoráveis de Christina Hendricks, James Caan (nomeado para um Óscar), Marcia Gay Harden (vencedora de um Óscar), Lucy Liu, Blythe Danner, Tim Blake Nelson, Bryan Cranston, William Petersen e dos estreantes Betty Kaye e Sami Gayle.


domingo, 13 de janeiro de 2013

Pequena biografia de Johann Sebastian Bach


"Bach (riacho, em alemão) deveria se chamar Ozean (oceano) e não Bach!". A frase é de ninguém menos que Ludwig Van Beethoven e, se um músico da grandeza de Beethoven assim se pronuncia sobre ele, bem se pode imaginar a dimensão que se pode atribuir ao compositor barroco Johann Sebastian Bach.
Na verdade, desde Veit Bach, que no século XVI tocava cítara, até 1685, são contados 27 músicos na família Bach. O mais célebre, porém, merecidamente, foi Johann Sebastian Bach, que nasceu em Eisenach, uma pequena cidade da Turíngia, no centro da Alemanha. Seu pai, Johann Ambrosius Bach, era um músico da cidade e ensinou Bach a tocar violino e viola e a escrever as notas musicais, além de criá-lo na fé protestante.
Seus pais morreram antes que completasse 10 anos e a continuação de sua formação musical ficou a cargo de seu irmão, Christoph, que trabalhava como organista em Ohrdruf, cidade próxima, onde passariam a morar. Aos quinze anos, Johann Sebastian ingressou na escola de São Miguel de Lünenburg, onde cantaria no coro da igreja e teria ensino formal de música.


Em suas viagens de férias aos centros culturais mais próximos, familiarizou-se com a obra de Jean-Baptiste Lully e François Couperin. Em Hamburgo, conheceu a grande tradição alemã de Jan Adams Reinken e Vincent Lübeck. Bach fez progressos admiráveis, e, aos dezoito anos, foi contratado como organista da nova igreja de Arnstadt, recém-construída, onde permaneceu de 1703 a 1707. Ausentando-se por quatro meses, conheceu em Lübeck o célebre Dietrich Buxtehude, de quem recebeu lições que modificariam sua maneira de interpretar o órgão.
De volta a Arnstadt, Bach não foi bem aceito no templo, o que fez com que ele aceitasse o cargo de organista na igreja de São Blásio de Mühlhausen. Foi nesses dois locais que começou a compor sua primeiras obras religiosas.
Casou-se em outubro de 1707 com sua prima Maria Bárbara, que morreria 12 anos depois. Deste casamento ficaram sete filhos, dos quais três se tornaram músicos; Wilhem Friedemann, Carl Philipp Emanuel e Johann Gottfried Bernhard. Entre 1707 e 1717, trabalhou como organista, violinista e compositor na corte de Weimar, período cheio de conflitos com o duque, já que ambos tinham personalidades difíceis.
Então, Bach foi para Köthen, onde trabalhou para o príncipe calvinista Leopold d'Anhalt-Köthen. Foram cinco anos frutíferos, embora Bach não pudesse escrever música religiosa, ficando restrito à música profana. Datam dessa época os "Concertos de Brandenburgo", o "Cravo Bem-Temperado", a maior parte de sua música de câmara e as suítes orquestrais.
Em 1721, Bach casa-se com Anna Magdalena Wülken, cantora da corte. Com ela teve treze filhos, sendo que dois deles - Johann Cristoph Friedrich e Johann Christian - também se tornaram músicos.
Em maio de 1723, Bach obteve o cargo de "kantor" (professor e diretor musical) na Igreja de São Tomás, em Leipzig. Embora descontente com a rotina do trabalho, foi ali que compôs a maior parte de suas cantatas, a "Missa em Si Menor" e as duas paixões mais conhecidas - a de São João e a de São Matheus.
De suas composições, duas das mais popularmente conhecidas são a "Tocata e Fuga em Ré Menor" e "Jesus, Alegria dos Homens". "Oferenda musical", "Oratório de Natal", e a inacabada "A Arte da Fuga" são outras grandiosas criações de Bach, que durante muito tempo teve sua obra considerada como mística e hermética.
Johann Sebastian Bach começou a se retirar da vida ativa a partir de 1747. Dois anos depois, operado de catarata por um charlatão inglês, ficou praticamente cego.
Apesar da genialidade, Bach não foi compreendido nem devidamente no seu tempo. Após a sua morte, suas músicas praticamente caíram no esquecimento. Sua obra ficou nas sombras até 1829, quando Felix Mendelssohn regeu a Paixão Segundo São Mateus em Berlim, o que garantiu o resgate da obra do compositor e a sua consagração definitiva.

sábado, 12 de janeiro de 2013

RESCISÃO INDIRETA - PATRÃO, VOCÊ ESTÁ DEMITIDO

A lei trabalhista brasileira permite que o trabalhador "demita" o patrão em alguns casos: quando ele não cumprir o contrato de trabalho, deixar de pagar salário, atrasar constantemente o recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) ou até deixar de registrar o funcionário em carteira.


É a chamada rescisão indireta, prevista no artigo 483 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O funcionário pede para rescindir seu contrato de trabalho sem perder o direito a verbas rescisórias.
No pedido de demissão "normal", sem justa causa, o trabalhador não tem direito a receber, por exemplo, FGTS nem seguro-desemprego.
Se comprovada falta grave da empresa, como ser ameaçado, agredido fisicamente ou exposto a situações em que fica caracterizado o assédio moral, o empregado também pode pedir a "demissão" indireta do patrão.
Em casos de assédio moral --conjunto de condutas abusivas, frequentes e intencionais que atingem a dignidade da pessoa e a humilham--, além da rescisão indireta, é comum o pagamento de indenizações por dano moral.

Fonte: