sexta-feira, 6 de abril de 2012

DEPRESSÃO - A HISTÓRIA CONTINUA (Dr. Carlos Bayma)



Confissões do autor do Blog [4]: “LUTAR CONTRA é um mau negócio!”



Por Carlos Bayma
Após a estabilização da depressão e o controle artificial das crises de pânico com remédio, iniciei – interiormente – uma “cruzada” para abandonar o antidepressivo (Clomipramina). Só relembrando, o quadro de transtorno do pânico seguido de depressão eclodiu em 1994. Em 1997, resolvi parar o antidepressivo. Pelo fato de ser médico, sabia que o “desmame” do medicamente deveria ser lento. Tomava a dose de 75 mg de Clomipramina por dia. Baixei para 50. Tudo bem. Semanas depois, para 25 mg / dia: tudo ok e comecei aemagrecer. Perdi uns 8 kg. Mais algumas semanas, retirei o antidepressivo.
Nos seguintes 30 dias a sensação foi maravilhosa. Sem depressão, sem ataques de pânico e fiquei magro como sempre fui. Recuperei a libido e parte da capacidade de ereção perdida nos 3 anos anteriores. Contudo, após essa breve “lua-de-mel” com a normalidade, notei que eu comecei a me irritar facilmente. Fui ficando mal humorado e agressivo. Então, certo dia: crise de pânico! Na verdade, não foi muito intensa e logo passou. Mas foi uma ducha de água fria.
Aparente falha
Voltei à psiquiatra e, como estratégia, não voltamos à Clomipramina. Iniciei outra droga (droga mesmo!): a Sertralina. Aí o “pau comeu!” Fiquei brabo que só um “siri na lata”. Queria brigar com todo mundo e explodia a cada mínima contrariedade. Perdi a capacidade de administrar as frustrações. Então, sem saída, de volta à Clomipramina, o único antidepressivo que me deixava aparentemente ajustado.  Novamente aos 75 mg diários.
1998. Num rompante, suspendi novamente a Clomipramina. Estava decidido a não voltar. Passei cinco meses em um psicólogo de tendências espiritualista. Aguentei o que pude com tristeza profunda e ataques de pânico. Foi quase meia ano numa luta desgraçada. Não suportei. Voltei à psiquiatra e à Clomipramina. Parei de lutar e aceitei que tinha que tomar antidepressivos para o resto da vida. Fiquei assim por mais 4 anos, sem crises, mas sem muito gosto pela vida. E com boca seca, além de continuar a ganhar peso. Atingi quase 90kg.

Não há guerra, particular ou coletiva, que traga uma vitória verdadeira!
Finalmente, o insight
No final de 2002, tive um insight! Um insighté uma compreensão interior, aparentemente vinda do nada e que permite a resolução de várias dúvidas e situações conflitantes de uma lapada só. Percebi que eu estava “lutando contra”. E, “lutar contra algo” é só uma forma inconsciente de dar força a esse “algo”.  O mundo está lotado de exemplos: luta contra a violência só a aumenta, luta contra as drogas: nunca se consumiu tantas drogas nesses últimos 20 anos; luta contra as doenças: só vejo doenças se alastrando, sobretudo as crônico-degenerativas (câncer, hipertensão, diabetes, artrites, lúpus, esclerose múltipla, etc., incluindo a depressão). “Lutar contra” é ir contra a corrente. É aí que o insight esclarece: luta é batalha, é guerra, é desequilíbrio.
É paz ou é guerra?
Quem está na luta não pode – jamais – estar em PAZ! E a paz é tranquila, aceita e renova aquilo que desequilibrou. A paz traz à tona a responsabilidade por nossos atos, pensamentos e sentimentos. A paz diz: “Você é responsável por sua vida, é o condutor único de seu barco no rio atribulado da vida!” Pronto, fiquei preparado para a nova fase: a da aceitação e reversão pacífica dos danos que eu – e somente EU – causei a mim mesmo, embora inconsciente disso.
(as alternativas de estabilização autoconsciente se multiplicaram; deixar de tomar antidepressivos e não ter mais depressão e pânico foram apenas consequências; continue acompanhando…)
Minha frase (cunhada por mim mesmo): “Na guerra, mesmo quem ganha, perde! Não há guerra que tenham vitoriosos: só derrotados; uns mais, outros


Publicado em 2 de abril de 2012 por Blog Dr. Bayma | Arquivado em: Comportamento / RelaçõesDicas de SaúdeOpinião / Ponto de Vista

Por Carlos Bayma
Alguns pontos básicos, em minha opinião, são fundamentais para superação da depressão e do transtorno do pânico. Veja que não falei em “controle” da depressão ou “driblar” o pânico. Nem falei em “cura”, pois a susceptibilidade de apresentar novas crises estará, pelo menos em teoria, sempre presente. Então, vamos lá:
Aceitação: esse é o primeiro ponto. Aceitar que está enfermo, não importa o quanto sua mente queira contestar. A mente quer partir para a luta. A alma quer mostrar-lhe que está em um caminho errático, doloroso e desnecessário.  Quanto mais “lutar contra” mais a depressão e o pânico se fortalecem. Não lutar não significa ficar passivo. Então, aceite que está doente e que precisa de ajuda.
Entendimento: se você não compreendeu ainda por que está com pânico e depressão, não terá como superá-los. Isso é ponto pacífico. Entender que você mesmo(a) construiu, tijolinho por tijolinho, o quadro enfermo atual traz um pouco mais de lucidez nesse momento difícil. Mas atenção: não se culpe nem se puna. Apenas observe o que fez da sua vida.
Responsabilidade: tire de qualquer pessoa, fato, crença ou situação a responsabilidade pela sua doença. Traga-a toda para si. Além de ser absolutamente ineficaz culpar pai, mãe, parentes, amigos, inimigos, o Governo, as religiões ou Deus, essa atitude atrasa demais sua possibilidade de superação.
Cerque-se de pessoas que queirem e possam ajudá-lo, mas lembre-se: você precisa ajudar-se também. Exige alguma disciplina e empenho. Jamais se escore no outros e delegue a eles aquilo que você tem e precisa fazer. A cada melhora, ouse um pouco mais: vá mais à frente.
Medicamentos: os antidepressivos a ansiolíticos podem ser necessários. Se sua situação exigir, use-os sob orientação médica especializada e sem preconceitos. Mas nunca faça dos medicamentos sua muleta eterna. Fazendo isso, as causas da depressão e do pânico continuarão intactas e, o pior, se fortalecerão, crescerão, sem dar avisos.
- Estas são dicas de ouro, que discorrerei nos próximos posts: atividade física regular, mudança de hábitos alimentares, banir o consumo de álcool, acupuntura, ioga, treinamento da coerência cardiocerebral, dessensibilização e reprocessamento cerebral pelos movimentos oculares, meditação e psicoterapia.

 Carlos Bayma é médico especializado em Urologia e Psicossomática. Chefe do Setor de Urodinâmica do Hospital Esperança (Recife-PE), é também autodidata em Física Quântica, Metafísica da Saúde, Música e Fotografia. Autor do Projeto CPM40+ e colunista da Revista Mon Quartier, na seção Saúde em Revista.






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